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2º Simpósio Internacional de História Pública: Breve Balanço

Perspectivas da História Pública no BrasilA discussão sobre a História Pública se consolida no Brasil. Esta é a avaliação a que se chega  após o “2º Simpósio Internacional de História Pública”. O evento, realizado pela Rede Brasileira de História Pública (RBHP) e pelo Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI/UFF), aconteceu na Universidade Federal Fluminense (UFF) entre os dias 10 e 12 de setembro. O Simpósio contou com cerca de 500 participantes considerando todas as modalidades de participação (conferências, mesas redondas com debatedores convidados, oficinas, apresentações orais em Grupos de Trabalhos, sessões de comunicação de Experiências em História Pública e lançamentos de livros).

O tema aglutinador escolhido “Perspectivas da História Pública no Brasil” propiciou o cruzamento de fronteiras entre diversas áreas de conhecimento e atuação, acadêmicas e não acadêmicas. Tal intercâmbio, empreendido entre pesquisadores e profissionais de várias áreas, contribuiu para o fortalecimento da sistemática de realizações bienais de simpósios de História Pública. O encontro teve um perfil nitidamente interinstitucional, interdisciplinar e transnacional.

Profissionais e estudantes de múltiplas áreas, como historiadores, comunicólogos, cientistas sociais, professores, blogueiros, estabeleceram os debates sobre o tema do simpósio. A historiadora Linda Shopes (Columbia University e Goucher College/EUA), responsável pela concorrida palestra de abertura, destacou o “parentesco radical” entre a história oral e história pública.

Palestra da profª Linda Shopes e Ana Mauad

Após a abertura, duas mesas redondas ocorreram diariamente, versando sobre a relação entre História Pública e: mídias, tempo presente, comunidades e culturas populares, plataformas digitais, narrativas públicas. Mais de uma centena de comunicações foi inscrita nos 15 Grupos de Trabalho (Educação, Culturas Populares, Comunidades, História Oral, Biografia, Literatura, Cinema, Documentário, Artes, Fotografia, Rádio, Plataformas Digitais, Patrimônio, Jornalismo, Turismo e Produção cultural e Ciências da Saúde), reunindo profissionais de variadas formações e regiões com o intuito de discutir o modo de operação dessa prática de produção e divulgação do conhecimento histórico. Oficinas que abordaram temas da história e as mídias, o cinema, o videogame, a oralidade, completaram a programação.

Mesa de Encerramento (esq.-dir.): Benito Schimidt, Marieta Ferreira, Juniele de Almeida, Renata Schittino, Ricardo Santhiago

A julgar pelos debates desenvolvidos pelos participantes, o evento cumpriu seu objetivo principal. Se o primeiro simpósio (USP, 2011) objetivava sensibilizar e mobilizar profissionais que se identificassem com a prática da História Pública, este segundo simpósio propôs refletir sobre o que se compreende ser a História Pública e avaliar as perspectivas de sua prática no Brasil. De fato, sobressaiu no momento inicial o entendimento da História Pública como a ampliação dos públicos para o conhecimento histórico, que se utiliza de outros meios para ser divulgado além da produção acadêmica; como revistas, televisão, cinema etc. Contudo, outro aspecto a ser destacado a partir dos debates do evento diz respeito à produção compartilhada do conhecimento histórico e as transformações sociais decorrentes (em especial, políticas públicas). A prática em História Pública considera passível de reflexão histórica trabalhos realizados também por não-historiadores, como a atuação profissional de diversas áreas que abordam temas da história. Não se trata de hierarquizar os saberes/produções, mas reconhecer que um trabalho dialógico feito com responsabilidade no tratamento das fontes e na construção da narrativa histórica permite a problematização da história. Por essa perspectiva, valoriza-se o diálogo entre múltiplas áreas do conhecimento para a produção do saber histórico, reiterando-se a observação de Jill Liddington de que mais importante do que definir o que é a história pública, é compreender como se faz.

Refletir sobre a produção e a circulação do conhecimento histórico é um exercício antigo, especialmente entre historiadores. Mas, sua pertinência continua atual, sobretudo diante das novas tecnologias que têm modificado o tratamento das fontes de pesquisa, desde o seu arquivamento ao seu acesso, a própria pesquisa e, naturalmente, às formas de compartilhar o saber produzido. A Rede Brasileira de História Pública tem proposto olhares para essa reflexão, num esforço que tem encontrado interlocutores dispostos a qualificar e avançar nos debates. Sendo assim, foi estabelecido na Assembleia da RBPH os novos caminhos. O próximo Simpósio Internacional de História Pública ocorrerá em 2016 e será sediado na região nordeste, cuja coordenação inicial está a cargo da Universidade Federal do Ceará. Enquanto isso, ao longo de 2015, eventos pontuais nas cidades onde a RBHP está representada serão realizados para sensibilizar a comunidade acadêmica e os profissionais que trabalham com a História.

Historiador brasileiro recebe prêmio internacional de história pública

O historiador brasileiro Ricardo Santhiago recebeu, durante a última conferência anual do National Council on Public History, que aconteceu entre 19 e 22 de março em Monterey, na Califórnia, o New Professional Award, prêmio concedido a novos profissionais que se destacam na área da história pública. É a primeira vez que um historiador de fora dos NCPHEstados Unidos recebe o prêmio.

Santhiago, que hoje é pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, foi descrito pelo comitê avaliador como “um testemunho da crescente institucionalização internacionalização da história pública” e como alguém que faz parte de um “grupo especial de indivíduos que escolheu não apenas praticar seu ofício no campo, mas também dedicar suas carreiras e formar uma próxima geração de historiadores públicos”.

Segundo o comitê, “o trabalho do Dr. Santhiago como jornalista e historiador oral aproximou os setores acadêmico e público e o levou à percepção da existência de muitos historiadores públicos trabalhando no Brasil sem se beneficiar de uma rede de apoio educacional e profissional. Seu papel na criação da Rede Brasileira de História Pública e na elaboração e implementação dos primeiros cursos de história pública no Brasil são um exemplo reluzente de como o campo está se expandindo pelo mundo através dos esforços individuais de praticantes motivados e capazes”.

Atualmente, além de desenvolver junto ao Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense sua pesquisa de pós-doutorado sobre história pública no Brasil, o pesquisador trabalha na organização do II Simpósio Internacional de História Pública: Perspectivas da História Pública no Brasil, que acontecerá em agosto em Niterói.

História pública no jornal O Estado de Minas

O Caderno Pensar do jornal O Estado de Minas publicou, neste sábado, dois textos sobre história pública preparados por integrantes da Rede Brasileira de História Pública: José Newton Coelho Meneses (“O sentimento de herança”) e Juniele Rabelo de Almeida (“História pública no Brasil”). A divulgação está atrelada ao evento especial de lalmeida_minasançamento da RBHP que acontece no próximo dia 13, em Belo Horizonte. meneses_minas