Painel 1 – Oficina “Palavras no tempo e no espaço: Publicando história oral”
Terça-feira, das 16h30 às 18h
Local: Sala de Vídeo
Esta oficina oferece soluções práticas a estudantes, profissionais e pesquisadores
que pretendem realizar publicações na área de história oral. É voltada para
interessados que já estejam praticando história oral e aborda os principais
aspectos do trabalho de publicação deste material:
- Possibilidades de transcrição e elaboração textual
- Linguagem, preparação de texto e revisão
- Relação entre conteúdo e estética
-Cuidados éticos e jurídicos
- Divulgação e circulação
- Autoprodução e formatos alternativos
A oficina será ministrada por Ricardo Santhiago, jornalista e historiador
especializado em história oral, autor de Solistas Dissonantes: História (oral) de
cantoras negras e organizador de Memória e diálogo: Escutas da Zona Leste, Visões
sobre a história oral, entre outros livros, além de vencedor do 2012 Oral History
Association Article Award, prêmio oferecido pela Oral History Association ao
melhor artigo de história oral do biênio. Com participação de Fernando Luiz
Cássio, editor da Letra e Voz, editora especializada em história oral e memória.
Máximo de 25 vagas, por ordem de chegada (oficina gratuita).
Painel 2 – A História e a irrevogabilidade do passado
Terça-feira, das 16h30 às 18h
Local: Anfiteatro de História
Coordenação: José Antonio Vasconcelos (USP)
HISTORIKERSTRAIT OU O PASSADO NO PRESENTE
José Antonio Vasconcelos (USP)
A “Querela dos Historiadores” foi um debate dos anos 1980 sobre a
interpretação do Holocausto e que envolveu intelectuais como Ernst Nolte,
Jurgen Habermas, Michael Sturmer e Andreas Hillgruber. Questionava-se
na época o verdadeiro papel da Alemanha na chamada “solução final” e as
consequências políticas de diferentes representações do passado. Pretendo
fazer um apanhado geral da controvérsia e a partir dela desenvolver reflexões
teóricas sobre a irrevogabilidade do passado e o papel público da História.
VIOLÊNCIA E MEMÓRIA EM “DIÁRIO DE UM DETENTO: O LIVRO”
Marcela de Paolis (USP)
As lembranças de eventos violentos costumam ser difusas e de difícil
ordenamento. As narrativas desses episódios trazem marcas da dificuldade
em compartilhar sua dor e construir uma memória. O presente trabalho
procura identificar esses aspectos no livro “Diário de um detento” e apontar
qual o percurso do autor na elaboração de uma narrativa sobre seu período
de encarceramento.Escrito por Josemir Prado, “Diário de um detento” é um
testemunho sobre o tempo em que seu autor ficou preso em cadeias públicas
e penitenciárias do estado de São Paulo. Publicado em 2001, o livro tem como
objetivo narrar o “inferno” de Josemir, compartilhado muitas vezes com outros
presos. Sua narrativa se defronta com os limites da linguagem, na medida em
que procura organizar uma memória traumática e construir uma reflexão sobre
esses acontecimentos.
UM DRAMA HISTÓRICO NA TV
Edson Pedro da Silva (USP)
O objetivo desta comunicação é apresentar uma breve descrição dos debates
suscitados a partir da exibição da minissérie norte-americana “Holocausto”.
Produzido pela emissora de TV NBC em 1978, este drama televisivo representou
um marco na ampliação do conhecimento público sobre o genocídio nazista para
a audiência norte-americana e mundial e gerou debates a respeito dos limites
da representação deste evento histórico. O debate teórico sobre a pertinência da
representação cinematográfica do Holocausto apresenta, em linhas gerais, dois
grandes eixos: de um lado a reivindicação de uma representação que respeite
um determinado limite ético e que procure não banalizar este acontecimento
traumático, incorrendo em um suposto “segundo crime em relação à sua
memória”. Do outro, o reconhecimento de que o Holocausto, apesar de sua
especificidade, deve ser tratado como qualquer outro evento do passado
e nesse sentido a sua representação fílmica tem a permissão de procurar se
aproximar da realidade histórica retratada, sobretudo para informar o público
e combater as proposições dos que relativizam ou mesmo negam o genocídio
perpetrado pelo regime nazista. A representação do Holocausto através de um
drama ficcional para a TV foi, na época de sua veiculação, alvo de fortes críticas
por supostamente ter “trivializado” este evento traumático. Esse presumida
banalização teria ocorrido não só pela narrativa ficcional entremeada aos fatos
históricos como também pela especificidade do próprio meio de veiculação
da produção audiovisual. Pretendo levantar algumas questões que permitam
ampliar o debate a respeito dos temas envolvendo a História e seu papel público,
a Memória, a representação audiovisual de fatos históricos e a irrevogabilidade
do passado.
Painel 3 – Experiências, incentivos e formas de veicular a história pública através de documentários
Terça-feira, das 16h30 às 18h
Local: Anfiteatro de Geografia
Exibição e conversa com o documentarista Sylvio do Amaral Rocha, sob
a coordenação de Xenia Salvetti.
Os nove curtas-metragens documentais exibidos neste painel foram produzidos
ao longo da última década e percorrem a tradição oral, a literatura, a história
urbana da cidade de São Paulo e a fotografia no Brasil. Alguns deles foram
realizados graças a leis de incentivo, outros com recursos próprios ou em
parceria com instituições como a Pinacoteca de São Paulo, a Rede SESC/
SENAC e a Casa da Cultura Digital. Os filmes participaram de inúmeras
mostras e festivais e foram veiculados em exposições e emissoras de televisão.
O curta Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, foi realizado para a exposição
Não Tens Epitáfio pois És Bandeira, Rubens Paiva Desaparecido desde 1971,
que aconteceu no Memorial da Resistência de São Paulo em 2011 e integrou a
Mostra Memória e Transformação: o Documentário Político na América Latina
Ontem e Hoje. Tic Tac, documentário que conta a história de Mister Lin, um
relojoeiro da Rua Augusta, e dessa profissão quase em extinção, recebeu o
prêmio de melhor fotografia no Festival de Cinema Digital de Jericoacoara.
Amar de Bárbara conta a história de amor de Julieta Bárbara Guerrini com
Oswald de Andrade e foi exibido no programa Metrópolis, da TV Cultura,
por conta dos 51 anos da morte do poeta antropofágico. Nesse diálogo com
o público o autor falará sobre a viabilização dos projetos, a dificuldade da
exibição, suas experiências com o cinema, a oralidade e o prazer de contar
histórias através do audiovisual.
Painel 4 – Memórias em movimento: Audiovisual e a escrita da história pública (Labhoi/Nupehc-UFF)
Quarta-feira, das 18h30 às 20h30
Local: Anfiteatro de História
Com Ana Maria Mauad, Isabel Castro e Juniele Rabêlo de Almeida
O tema da história da memória produzida, por meio de fontes orais e visuais,
congrega a experiência de dois importantes grupos de pesquisa da área de
História da UFF: o Laboratório de História Oral e Imagem (LABHOI-UFF) e o
Núcleo de Pesquisas em História Cultural (NUPEHC-UFF).
Entretanto, mais do que relatar a experiência institucional do LABHOI e
do NUPEHC este painel propõe abordar o problema dos usos públicos da
memória e do papel da Universidade no campo da história pública, tanto do
ponto de vista da produção do conhecimento histórico, quanto da divulgação
pública de seus resultados
A primeira parte avalia as tendências e abordagens sobre o tema da memória.
Enfatizam-se, neste âmbito, a historiografia que discute a relação entre história
e memória, os usos do passado pelo presente, o valor da memória pública nos
processos de constituição das identidades sociais, e se avalia a relação entre
arquivo e pesquisa.
Evidenciam-se os agentes, suportes e representações como princípios conceituais
dos projetos históricos que se orientam pelo uso de fontes visuais e orais.
Paralelamente, o uso de fontes orais e visuais na produção do texto histórico
impõe ao historiador um outro desafio que, aos poucos, vai sendo enfrentado:
o uso de outras linguagens para compor uma nova narrativa histórica que dê
conta da dimensão intertextual estabelecida entre palavras e imagens
A segunda parte, se debruça mais especificamente sobre essa dimensão do
problema: uma história escrita com imagens em movimento que mobilizaria
a produção de acervos de pesquisa para a criação da escrita videográfica e o
valor político de tais acervos, para o reconhecimento do direito a memória dos
diferentes grupos sociais.
Destacam-se, portanto, os princípios operados para a constituição de acervos
de fontes de memória; as estratégias de publicização da pesquisa acadêmica
e os debates teórico e metodológicos que norteiam os estudos sobre memória
pública, na era digital.