GT 08 – História pública e as artes
Coordenadores:
Heloísa Valente (Unip)
Márcia Ramos de Oliveira (Udesc)
Miriam Hermeto (UFMG)
A Música Popular Brasileira: a representação cultural e política do país (1968 – 1975)
Renata Fernandes Macedo dos Santos e Joziane Almeida Teixeira – Centro Universitário UNA
O presente estudo sobre a Música Popular Brasileira buscou identificar possíveis relações entre as representações culturais e as questões políticas do país no período de 1968 a 1975. Com os objetivos de identificar as músicas censuradas do Regime Militar como instrumento metodológico e a compreensão do momento histórico para a educação. Buscamos também, reconhecer aspectos constitutivos da identidade da juventude do mesmo período. Para elaboração dessa pesquisa, elencamos como metodologia a pesquisa bibliográfica, o levantamento de dados e a análise das músicas censuradas. A partir do presente estudo, foi possível concluir a relevância da música como documento da resistência do Regime Militar. E por meio dela, tende-se uma ferramenta de entendimento de um período histórico.
“O sole mio!” memória e nomadismo na música da “terra da garoa” (a canção ítalo-brasileira)
Heloísa de Araújo Duarte Valente – Unip
Esta comunicação pretende relatar os resultados obtidos no projeto de homônimo. Investigou-se a presença da música, trazida e cultivada pela comunidade ítalo-descendente: suas repercussões na paisagem sonora da capital paulista. Partindo do conceito de “canção das mídias” (Valente, 2003) como elemento ativo e de forte presença na cultura (sobretudo no processo de “nomadismo”), é possível afirmar que a canção expressa, informa, corrobora traços da cultura à qual faz referência e se vincula. Tendo partido, nesta primeira etapa, de depoimentos pessoais, um além de um repertório discográfico, analisaram-se aspectos tais como: 1) as relações entre audiência e memória, a partir do repertório executado nos programas radiofônicos; 2) o impacto da permanência de artistas divulgadores da canção de origem italiana e o surgimento de vertentes ítalo-brasileiras, nas mídias locais; 3) as canções tradicionais, de origem italiana, como elemento constituinte das histórias de vida e do cotidiano do italiano imigrante no Brasil, sobretudo na cidade de São Paulo; 4) o repertório da música italiana incorporado à paisagem sonora paulistana, paulista e em outras regiões, por intermédio do rádio e, posteriormente, da televisão. Dentre os resultados, pretende-se: editar um livro, criar um de banco de dados e um documentário.
Narrativas sonoras e audiovisuais do Laboratório de Imagem e Som / UDESC : relato da experiência na elaboração e divulgação da produção histórica
Márcia Ramos de Oliveira – UDESC
O Laboratório de Imagem e Som (LIS) completa 10 anos de atividades em 2015. O LIS é um laboratório diretamente vinculado ao Departamento de História da UDESC, apoiando iniciativas, projetos e práticas ligadas a esta área, a nível de graduação e pós-graduação. Revelou-se, inicialmente, como base as atividades da disciplina de Prática Curricular em Imagem e Som, disciplina de formação dos alunos da Graduação, vinculada à licenciatura e bacharelado, atingindo também ações extensionistas. O resultado da produção docente, discente e de pesquisadores inseridos na proposta do LIS constituiu-se como um acervo do Laboratório, alvo de registro e divulgação em diferentes formatos, especialmente digitais, a partir da elaboração do site. Tal produção tornou-se simultaneamente evidência e registro das práticas historiográficas realizadas neste variado conjunto de ações. A aproximação deste ano comemorativo teve como contrapartida a elaboração de duas propostas práticas e reflexivas quanto a observar, identificar e, especialmente, organizar e estruturar de forma objetiva a divulgação da produção ali realizada. Neste sentido, foram propostos dois projetos em 2014: a) Projeto de Extensão “Conhecendo o acervo do LIS” e, b) Projeto de Pesquisa “A Experiência dos Laboratórios de História Oral e Imagem e Som diante da História Pública : Estudos de Caso e Reflexões (2014/2015)”. Esta comunicação aborda parcialmente os resultados iniciais destes Projetos, especialmente quanto a relacionar parte das produções mediatizadas que resultaram em narrativas sonoras e audiovisuais.
Projeto Batuclagem: arte-educação, meio ambiente e contação de histórias.
Luiz Henrique Portela Faria – UFABC
Autores: Ana Maria Dietrich; Luiz Henrique Portela Faria. Pretende-se analisar a experiência realizada pelo Projeto Batuclagem (PROEX/ UFABC-2011/2013), cujo objetivo foi promover a sensibilização e o ensino da educação ambiental por meio da arte-educação, dentro da linha de pesquisa de Ensino das Ciências – analisando as práticas de ensino aplicadas e avaliando a recepção dessas práticas educativas entre os estudantes. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que parte de temáticas da Educação Ambiental e usa como principais referenciais teóricos: Hebert Read (2013), Ana Mãe Barbosa (2003), Vygotsky e Paulo Freire. No caso do projeto em questão, as práticas utilizadas são propostas metodológicas de educação não formal, principalmente, a contação de histórias infantis bastante conhecidas que foram adaptadas para educação ambiental e foram contadas em oficinas para cerca de 5000 alunos de escolas públicas em Santo André, São Bernardo e Mauá, de 7 a 13 anos durante os anos de 2012-13.
Engajamento e divulgação da arte: “os artistas plásticos do PCB” e o Tribuna Popular (1945-1947)
Karina Pinheiro Fernandes – UFRJ
Este artigo pretende apresentar como o jornal Tribuna Popular, que circulou no Rio de Janeiro entre 1945 e 1947, foi um meio de divulgação das artes plásticas. Neste período o Partido Comunista do Brasil (PCB) passava por um breve e importante momento de legalidade, no qual se reestruturou, angariou fundos, apoio e grande número de filiados. Este periódico foi de grande importância para difusão de informações sobre o partido e suas atividades, mas também para afirmação de suas ideias e posicionamentos em relação à política, à cultura e à sociedade. Seus artigos e reportagens eram variados e cobriam a política internacional e nacional, artes plásticas, literatura, esportes, atividades culturais bem como questões relativas ao cotidiano de muitos de seus leitores. Isto tornava o Tribuna Popular o veículo de comunicação com maior apelo ao grande público do PCB no momento, apresentando conteúdo atrativo ao mesmo tempo que divulgava suas atividades e posicionamentos. Não a toa era o periódico de maior tiragem do PCB, e chegou a ser o segundo entre todos os que circulavam no Rio de Janeiro à época. A filiação de artistas plásticos era de grande importância para o partido, visto que dava maior legitimidade e visibilidade para suas atividades. Esta relação transparece nas páginas do jornal, em que eram publicadas matérias sobre artistas de renome nacional, bem como eram divulgadas exposições. Os “artistas plásticos do PCB”, como eram referidos nas páginas do jornal, eram noticiados de modo recorrente. Este artigo pretende discorrer sobre a divulgação ao grande público das atividades destes artistas plásticos para o partido bem como suas novas obras e exposições pelo Brasil e pelo mundo.
Neblina sobre trilhos – A linguagem audiovisual como ferramenta pública de difusão da história da ciência e da técnica na Vila de Paranapiacaba (ABC Paulista)
Soraia Oliveira Costa e Ana Maria Dietrich – UFABC
Esta comunicação é parte da composição da pesquisa em desenvolvimento para a dissertação em nível de Mestrado: Ciência, Técnica e Ferrovia: Cotidiano e Oralidades na Vila de Paranapiacaba. O distrito Vila de Paranapiacabaca localizado no Alto da Serra paulista, é uma vila construída em fins do século XIX para moradia dos trabalhadores da ferrovia. A partir da presença da ferrovia em solo paulista constata-se a aplicação do ferro em grande escala e novas possibilidades para o desenvolvimento produtivo, principalmente, na construção civil. Sua história envolve, portanto, um importante acervo histórico público de técnicas inglesas empregadas esta época no Brasil, com a construção de pontes, túneis, viadutos, máquinas fixas a vapor, material rodante, barragens e caminhos com estruturas de ferro, notórias obras de artes ilustradas no nosso acervo iconográfico, tanto nas fonts bibliográficas (do passado) como em fontes primárias do presente, nos trazem elementos estéticos da urbanidade. Para discutir tais aspectos e sua relação com a história pública e as artes, será abordada também a produção audiovisual lançada em 2012, “Transformação sensível, neblina sobre trilhos”, que contou com mais de oitenta exibições acompanhada com os produtores para divulgar o patrimônio cultural existente na vila ferroviária.
História e telenovela na Nova República (1985-1995)
Gabriela Silva Galvão – UFMG
A primeira emissora de televisão a operar no Brasil foi a TV Tupi, pertencente aos Diários Associados, inaugurada em São Paulo em 1950. Desde o início as telenovelas estavam presentes na programação, entretanto, elas se tornaram um fenômeno de massas a partir do final da década de 1960. Parte da sociedade acredita que as telenovelas são produtos alienantes, de baixa qualidade e formadoras de opiniões equivocadas, acusações que podem ser bastante simplistas ao fazermos um estudo aprofundado desses programas televisivos. A teledramaturgia, em muitos momentos, pode ser entendida como um retrato do contexto histórico-social no qual está inserida, muitas vezes fazendo importantes debates entre personagens e suscitando discussões a serem feitas pelo público. O presente trabalho analisa quatro obras exibidas pela Rede Globo de Televisão entre 1988 e 1995: Vale Tudo (Gilberto Braga, 1988-1989), Que Rei sou eu? (Cassiano Gabus Mendes, 1989), O Salvador da pátria (Lauro César Muniz, 1989), Deus nos acuda (Sílvio de Abreu, 1992-1993) e Pátria Minha (Gilberto Braga, 1994-1995). Embora tenha chegado ao poder por vias indiretas, José Sarney foi o primeiro civil a ser Presidente da República após mais de vinte anos de domínio de governos militares e autoritários e sua posse representou, durante um breve período, a esperança de uma nova ordem política e social no país. A frustração, no entanto, se tornou clara a partir do fracasso do Plano Cruzado, arranjo econômico que prometia acabar com a inflação. As eleições presidenciais em 1989, que não ocorriam havia quase trinta anos, trouxeram mais uma vez expectativas de mudanças. O Presidente Fernando Collor, entretanto, se viu envolvido em graves denúncias de corrupção que levaram ao seu impeachment no fim de 1992. As telenovelas acima listadas retratam em suas tramas as tensões políticas e econômicas ocorridas no período, mostrando parte da realidade nacional e debatendo temas como a corrupção, o abuso de poder e o descontentamento da sociedade com a política e a economia do país. Dessa maneira, mostraremos como a telenovela pode ser uma fonte histórica capaz de discutir a realidade do momento que expressa, mostrando os debates presentes na sociedade e seus desdobramentos, uma vez que o período abordado poderá mostrar como se desenvolveram.
De “operário do verbo” a mediador cultural: Viriato Corrêa e a divulgação da história do Brasil através dos palcos.
Vanessa Matheus Cavalcante – CPDOC/FGV
O objetivo deste trabalho é analisar a atuação de intelectuais conhecidos como mediadores culturais, ou seja, aqueles que têm como principal preocupação a divulgação da história brasileira para um grande público. Para tanto, utilizarei como objeto de estudo o escritor maranhense Viriato Corrêa (1884 – 1967), visto como um intelectual que tem na disseminação do conhecimento histórico uma de suas principais missões. Dentre sua vasta e multifacetada obra, entende-se que o autor encontra no teatro um importante vetor cultural para atingir seus objetivos intelectuais. Dessa forma, a análise de algumas de suas peças teatrais – escritas entre as décadas de 1910 e 1940 – será de grande valia para apreender como o autor tornava pública sua noção de história cívico-patriótica, em um contexto considerado estratégico no que concerne à construção de uma identidade nacional republicana.